sábado, 4 de dezembro de 2010

A duas vozes



Há alguns meses vivi os momentos mais felizes - perdão -, alegres da minha vida. Mas, sabe quando isso acontece do nada? Quando as coisas e as pessoas aparecem e acontecem e os fatos se dão de uma maneira tão inesperada, mas ao mesmo tempo tão natural, tão espontânea, tão perfeita...
Me lembro. Na verdade, não me lembro afinal nunca me esqueci. Deixo para lá os pensamentos racionais, até porque no momento em que mais precisei deles não os usei. Recordo as palavras que eram trocadas e o que aquilo repercutia em mim. Era tão bom! Aquele ar bucólico sempre a me servir. O Sol raiava na mais tenebrosa tempestade quando me lembrava da Imagem. Sempre me fazia sentir bem, por mais que houvesse uma piada sem graça ou o início de um assunto desagradável.
No início tinha todo um enredo sendo construído com palavras muito bem selecionadas e estrategicamente colocadas para construir certas ambigüidades, e quem sabe gerar alguma sensação interessante Naquela pessoa. E entre Nossos risos e Nossas piadas curtíamos aquele momento que era tão único, e tão especial, que me faziam esperar às vezes muitos dias somente para que pudesse experimentá-las. “I won't talk, I won't breathe, I won't move till you finally see that you belong with me.
Me permiti. Mas, foi além disso...
Nesse ínterim sabia que um dia poderia acordar e ver todo o jardim morto e cor de cinza. Mas, era irresistível ver tamanha Beleza e não sorrir... e não perseverar. Mas, o dia chegou. O adeus fora tão silencioso e discreto que eu, que estava tão enlaçado, não consegui perceber rapidamente. Fui tombado. Nesse dia acordei e todos os girassóis se contorciam para assistir à morte dos jasmins, as rosas haviam se acinzentado. Minha vida desbotou e desatinou. De repente. E de repente não mais sorri, nem senti aquele ar. Meu jardim faleceu, e eu o fui aos poucos. Deixava de sorrir, de me permitir novamente. Era um lento e pequeno suicídio. Minha monoideia. Percebi que a Imagem não passava de uma imagenzinha, que o Sol não brilhava além da áurea de uma pessoa que não sabia cuidar do que lhe pertencia. Não sei até que ponto Nosso risos e Nossas piadas eram verdadeiras e sensatas. Durante um tempo, eu quis que nada disso tivesse acontecido. ”And I can't pretend that I won't think about you when I'm older cause we never really had our closure. This can't be the end.
Às vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais.” Minha amarga dissonância. Queria ter e me desprender. Queria ‘desamar’ e ser amado. Queria esquecer e não abrir mão. Queria ter. QUERIA TER! E não iria abrir mão. Jamais! Como abrir mão do que há tanto tempo queria? Como abrir mão da minha monoideia, do que me deixava feliz e dissipava meus pesadelos? Como abrir mão de amar quem você já ama? Como? Minha resposta era sempre o pranto, e o desejo pela solidão. Fui escravo da minha dor, da minha autotortura. Raiva. RAIVA! “Como pode ser gostar de alguém e esse tal alguém não ser seu?
Vi minha vida se esvair pelos ralos da tristeza. Passei a chorar em filmes de romance, e também a entender porque foi criado o “Felizes Para Sempre”: é o ideal, o que todos querem, mas ninguém tem.
Hoje ainda me lembro. Estou grafado e cicatrizado. Desnutrido, mas quase renovado. Preparado para ser amamentado e - quem sabe - novamente forjar.